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terça-feira, 14 de junho de 2016

Dor Lombar

Dor Lombar- O que é?

O termo dor lombar (LBP) foi definido como " dor, tensão ou fraqueza muscular localizada entre L5-S1 e acima da prega glútea”. Podendo irradiar-se para os membros inferiores e apresentar-se de 3 formas: dor lombar, dor na coxa ou dor combinada .


Epidemiologia: 

A dor lombar é um problema de saúde pública, com mais de um quarto da população ativa afetada e com cerca de 60 a 80% da população a experienciar esta patologia numa determinada fase da vida(2)(3)(4)(5). Tornando-se na maior categoria de reivindicações médicas por longos períodos (mais de 90 dias de trabalho perdidos) (5), colocando uma grande carga sobre as pessoas e os sistemas de saúde. A dor lombar é a condição mais comum para que sejam utilizadas as terapias complementares(2).Tem sido considerada como uma condição cada vez mais dispendiosa e consequentemente é relevante providenciar intervenções eficazes de baixo custo de modo a aumentar os resultados da intervenção e a obter o máximo de benefícios relativamente a orçamentos disponíveis no âmbito dos cuidados de saúde. Nos Estados Unidos, 40% de todos os pedidos de indemnização derivam da lombalgia. Esta situação é semelhante na Grã-Bretanha, onde a média estimada - anos de prevalência nos inquéritos à população britânica é de 38%(5). No caso de Portugal, a LBP é motivo de cerca de 56% dos casos das consultas de medicina geral e familiar(6). Registando uma taxa de incidência de 74% e uma taxa de prevalência de 31% para a população portuguesa (1).


Etiologia: 

A etiologia desta patologia parece ser complexa e multifactorial, com componentes associados com a cronicidade, tanto biológicos , (dentro dos quais englobamos os factores mecânicos, infecciosos, inflamatórios, metabólicos, neoplásicos e viscerais ) como genéticos e psicossociais (2). Entre os fatores de Risco De modo geral podemos considerar :
1. Fatores de risco individuais O sedentarismo é também especulado como uma das causas de dor lombar, (4) (5) (3). O excesso de peso ou a obesidade é considerado também um fator de suscetibilidade a esta patologia (5), para além do género. O resultado de uma meta analise mostra que a associação entre excesso de peso ou obesidade e a prevalência de dor lombar é mais forte para as mulheres que para os homens, o que pode ser explicado pelo facto de que o elevado IMC nos homens pode refletir a elevada massa muscular, já em mulheres, isso pode indicar excesso de tecido adiposo (5) (6) (3). Para além das dores menstruais, dores de parto etc(5). Outro fator sugerido por alguns autores de suscetibilidade á dor lombar é a idade (está comprovado que se verifica aumento substancial de dor crónica lombar entre os 60 e 65 anos) (8) (3).
2. Fatores de Risco Psicológicos: A lombalgia está também associada a outro tipo de distúrbios ou condições psicológicas como o stress, stress no trabalho, o humor, a ansiedade (9), as emoções, as funções cognitivas e o comportamento perante a dor (3).
3. Fatores de risco relacionados com a Ocupação: Para além da postura sentada, que se tornou hoje em dia na postura mais comum para trabalhar, devido ao rápido desenvolvimento da tecnologia moderna, “Sentado” é descrito como uma postura em que a cabeça e o tronco se posicionam na vertical, as pernas estão dobradas fazendo um ângulo de cerca de 90º com as coxas e joelhos, e os pés estão firmemente colocados no chão. (11) Muitos estudos têm-se centrado na biomecânica de hipóteses para explicar a associação entre a postura de sentado e a dor lombar, embora sejam um pouco contraditórios. Uns apoiam a teoria que a pressão intradiscal aumenta com a postura sentada, outros comprovam que essa pressão é maior na postura de pé. Outra hipótese é que pode haver um efeito negativo na nutrição do disco intervertebral em prolongadas posturas sentadas, da mesma forma afirmam que o disco é nutrido com a mudança de posição (11).


Sintomas: 

Pessoas com LBP apresentam como sintomas principais: alterações no padrão de marcha, uma fraca proprioceção/equilíbrio, um aumento de tónus a nível dos músculos para vertebrais (11). Estudos fisiológicos apresentaram uma disfunção postural e padrões alterados de ativação dos músculos abdominais e extensores que foram verificados em atividades como a flexão á frente e o sentado para de pé, demonstrando que os pacientes com LBP podem apresentar um atraso no aparecimento de atividade dos músculos profundos do tronco quando a estabilidade da coluna vertebral é alterada em tarefas dinâmicas. Apresentam redução da força muscular e da endurance, comprometendo a estabilização e a flexibilidade da coluna (11). níveis mais baixos de atividade, menor velocidade de marcha, menor 9 tempo em posição bípede e maior tempo de repouso, em comparação com pessoas saudáveis (11).


Mecanismos de Lesão: Degeneração do disco intervertebral: Pode em alguns casos a dor lombar estar associada à degeneração do disco. As forças de stress a que a coluna lombar está sujeita reduzem a quantidade de água presente no núcleo pulposo. Por outro lado, o fator envelhecimento diminui o número de células e proteoglicanos (proteínas intracelulares ligadas ao glicosaminoglicanos que captam as moléculas de água e são responsáveis pela função de dar à matriz extracelular uma característica hidratada ao núcleo) (12; 13). Desta forma, a degeneração ao nível molecular, será expressa pela produção de componentes anormais da matriz ou por um aumento nos mediadores da degradação da mesma (12). Hérnia de Disco Ocorre quando as fibras mais externas do disco intervertebral (anel fibroso) estão sujeitas a cargas repetidas de stress, originando um aumento da pressão intradiscal e uma consequente saída do conteúdo interno desse mesmo disco (núcleo pulposo). Isto coloca em tensão as raízes nervosas adjacentes à estrutura, nomeadamente a raiz de L5, comprometendo desta forma o nervo ciático e originando uma dor regional local ou dor irradiada para os membros inferiores (14). Estenose do Canal Raquidiano: Diminuição do espaço ocupado pelo canal raquidiano. Este canal contém a medula espinhal desde a porção cervical até à porção lombar alta. A porção média e a inferior do canal lombar contém as raízes nervosas da chamada cauda equina. Esta diminuição é na maioria dos casos originada por osteoartrite (15) e poderá desencadear uma compressão ao nível das raízes da cauda equina e determinar dor regional lombar ou outros sintomas neurológicos irradiados para os membros inferiores, como a claudicação intermitente, dor, fraqueza dos membros, perda de sensibilidade, perda de controlo dos esfíncteres (14). Atrofia dos músculos Paravertebrais: o reflexo da inibição induzida pela dor conduz à atrofia músculos paravertebrais e consequentemente atrofia dos ligamentos e articulações. A dor vai resultar num espasmo muscular e tensão, e eventualmente essa situação agrava a dor num ciclo vicioso.



Pratica Fisioterapeuta no Tratamento Lombalgia: De entre inúmeras estratégias de intervenção amplamente utilizadas na gestão da LBP apontamos o exercício terapêutico, como sendo um tipo de intervenção mais utilizado no tratamento conservador, podendo este ser aplicado a um indivíduo ou a um grupo, trabalhando isoladamente ou integrado num programa de tratamento multidisciplinar, sob a supervisão do terapeuta ou sob a forma de exercícios domiciliares, com ou sem utilização de máquinas /equipamento, em terra ou em água; fazendo variar os seus exercícios na intensidade, frequência e duração (16). Diretrizes baseadas em evidências para o tratamento e gestão da LBP recomendam o exercício e atividade dentro de um período inferior a 12 semanas, em oposição a modalidades de tratamento passiva (por exemplo, tração, massagem, mobilização.) A evidência suporta a duração de 6 a 8 intervenções, incorporando o tratamento em grupos de 10 elementos no máximo, com um ambiente agradável, supervisionado e graduado na intensidade. A intensidade do exercício aumenta de 50 para 60 minutos, de moderada a intensa (17) (18). O exercício terapêutico incide a sua prática em inúmeras componentes físicas, incluindo a aptidão física global ou exercício aeróbio; exercícios de flexibilidade/alongamento, (19) estabilidade, equilíbrio e coordenação; força e resistência muscular (20). 11 A atividade física através de alongamento, apresenta benefícios moderados em indivíduos com um índice de incapacidade moderada face á dor lombar (21) (22). Vários exercícios tem sido citados recentemente incidindo a sua abordagem na componente de controlo motor (estabilidade, coordenação) e força tendo em vista a estabilidade dinâmica da Core, e utilizando grupos musculares como o transverso, multífidos, abdominal, diafragma, e os músculos pélvicos (23). A justificação da sua aplicação prende-se com o facto das pessoas com LBP apresentarem alterações na estabilidade e controlo da coluna, para além de um mau alinhamento postural, indicando um aumento da rigidez da coluna vertebral como compensação da falta de estabilidade dos músculos profundos e aumentando a atividade dos músculos superficiais (24).



1. Gouveia, Miguel e Augusto, Margarida. Custos indirectos da dor crónica em Portugal. Revista Portuguesa de Saúde Pública. 2011.
2. Laird RA, Kent P, Keating JL. Modifying patterns of movement in people with low back pain -does it help? A systematic review. BMC musculoskeletal disorders. 2012.
 3. APED. Lombalgias: Porquê tantos Insucessos Terapêuticos? Dor. 2006.
 4. Sitthipornvorakul, E., et al., et al. The association between physical activity and neck and low back pain: a systematic review. European spine journal : official publication of the European Spine Society, the European Spinal Deformity Society, and the European Section of the Cervical Spine Research Society. 2011.
 5. Manchikanti, L. Epidemiology of low back pain. Pain physician. 2000.
6. Shiri R, Karppinen J, Leino-Arjas P, Solovieva S, Viikari-Juntura E. The association between obesity and low back pain: a meta-analysis. American journal of epidemiology. 2010.
7. De Vitta A, Martinez MG, Piza NT, Simeao SF, Ferreira NP. Prevalencia e fatores associados a dor lombar em escolares. Cadernos de saude publica. 2011.
 8. A, Dellito e GSZ, DILLEN LV, WHITMAN JM, SOWA G, SHEKELLE P, et al. Low Back Pain : Clinical Practice Guidelines Linked to the International Classification of Functioning, Disability, and Health from the Orthopaedic Section of the American Physical Therapy. Association. J Orthop Sports Phys Ther. 2012.
9. Hall, H. e McIntosh, G. Low back pain (acute). Clinical Evidence . 2008.
 10. Kwon BK, Roffey DM, Bishop PB, Dagenais S, Wai EK. Systematic review: occupational physical activity and low back pain. Ocupational Medicine. 2011.
11. Lee, HJ., et al., et al. The Relationship between Cross Sectional Area and Strength of Back Muscles in Patients with Chronic Low Back Pain. Annals of rehabilitation medicine. 2012. 13
12. Peng, Bao- Gan. Pathophysiology, diagnosis, and treatment of discogenic low back pain. World journal of orthopedics. 2013.
13. Zhang, Ying-gang, et al., et al. Clinical diagnosis for discogenic low back pain. International Jounal of Biological Sciences. 2009.
14. Brazil, A.V. e Ximenes, A.C. Diagnóstico e tratamento das lombalgias e lombociatalgias. Revista Brasileira de Reumatologia. 2004.
15. Omidi-Kashani, F., Hasankhani, E.G. e Ashjazadeh, A. Lumbar spinal stenosis: who should be fused? An updated review. Asian Spine J. 2014.
16. Van, Middelkoop M., et al., et al. Exercise therapy for chronic nonspecific low-back pain. Best Pract Res Clin Rheumatology. 2010.
17. NICE. Early management of persistent non-specific low back pain. Low Back Pain. 2009. 18. Booth, John. Approach to low back pain – exercise physiology. Clinical. 2014.
19. Hayden, JA, et al., et al. Meta-analysis: exercise therapy for nonspecific low back pain. Ann Intern Med. 2005.
20. Hayden JA, Cartwright JL, Riley RD, Vantulder MW. Exercise therapy for chronic low back pain: protocol for an individual participant data meta-analysis. Systematics Reviews. 2012.
 21. Sherman, K.,J., et al., et al. A randomized trial comparing yoga, stretching, and a self-care book for chronic low back pain. Arch Intern Med. 2011.
22. Wells C, Kolt GS, Marshall P, Hill B, Bialocerkowski A. Effectiveness of Pilates exercise in treating people with chronic low back pain: a systematic review of systematic reviews. BMC medical research methodology. 2013.
 23. Moon HJ, Choi KH, Kim DH, Kim HJ, Cho YK, Lee KH, et al. Effect of lumbar stabilization and dynamic lumbar strengthening exercises in patients with chronic low back pain. Annals of rehabilitation medicine. Annals of rehabilitation medicine. 2013. 14
24. Costa LO, Maher CG, Latimer J, Hodges PW, Herbert RD, Refshauge KM. Motor control exercise for chronic low back pain: a randomized placebo-controlled trial. Phys Ther. 2009. 

7 EXercicios para Evitar a sua dor nas Costas

                                                            Alongamento dos Glúteos:
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  • Posição Inicial: Deitado de barriga para cima, com os braços ao longo do tronco, os joelhos dobrados e pés apoiados no chão.
  • Ação: deixando uma das pernas flexionada (dobrada com o pé apoiado no chão ) e com as duas mãos abaixo do joelho puxar a outra perna sentido o tronco, mantendo por 30 segundos, 3 vezes cada lado.

  • Alongamento dos Isquiotibiais:alongamentotendãodeitado
  • Posição Inicial:Deite-se de barriga para cima, dobre a perna direita  e eleve a perna esquerda, mantendo o joelho bem esticado.
  • Acção:Segure a perna esquerda com ambas as mãos por baixo do joelho. Aproxime-a do seu tronco. Mantenha essa posição por 30 segundos e repita o exercício duas vezes em cada perna

  • meios-agachamentos_clip_image002Flexão lateral do tronco:
Posição inicial: Na posição de pé, como as pernas semi-fletidas o e os braços ao longo do corpo.
Ação: O utente deve apoiar uma das mãos na anca e o braço contrário com o cotovelo em extensão sobre a cabeça, realizar flexão lateral para um lado até sentir o alongamento muscular. Deve repetir-se o exercício para o outro lado


  • alongamentodelpaseoAlongamento dos peitorais 
Posição inicial: Na posição de pé, como as pernas semi-fletidas o e os braços ao longo do corpo.
Ação: entrelaçando as mãos atrás das costas,  mantenha a posição durante 10-20 segundos, sentindo o alongamento das fibras musculares ao nível dos peitorais. Progressão I: agarrar uma bola atrás das costas, mantendo o alongamento muscular

  • dica-6Ponte
  • Posição Inicial: Deitado de barriga para cima, com os braços ao longo do tronco, os joelhos dobrados e pés apoiados no chão.
  • Ação: Suba a bacia. Conforme faz a elevação, contraia os glúteos e o abdominal para estabilizar o movimento e fortalecer bem os músculos da "Core" (músculos estabilizadores da coluna que incluem entre outros grupos os abdominais e lombares).


rotacoes-alternadas-cintura
  • Fotalecimento Oblíquos:
  • Posição Inicial: Deitado de barriga para cima, com os braços ao longo do tronco, os joelhos dobrados e pés apoiados no chão.
  • Acção: Colocando as mãos atrás da nuca, leve o cotovelo direito ao joelho esquerdo ,enquanto isto acontece a perna direita mantêm-se esticada. Em seguida, leve o cotovelo esquerdo ao joelho direito, e agora é a vez da perna esquerda permanecer esticada.



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  • Fotalecimento Oblíquos II:
  • Posição Inicial: Deitado de barriga para cima, com os braços ao longo do tronco, os joelhos dobrados e pés apoiados no chão.
  • Acção: Leve a sua mão direita ao tornozelo da perna direita e posteriormente leve a sua mão esquerda ao tornozelo da perna esquerda. Não esquecer de colocar tensão no abdominal e não no pescoço! Repita o exercício 15 vezes.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Sindrome do Ombro Doloroso

O que é?

A síndrome do ombro doloroso ou também chamado conflito subacromial refere-se a um processo mecânico repetitivo crónico em que o tendão da coifa dos rotadores sofre compressão repetitiva e micro trauma que passa sob o arco coracoacromial.À medida que o braço é abduzido ou rodado a largura do espaço subacromial diminui. O Conflito Subacromial é o distúrbio mais comum do ombro na população, representando 44-65% de todas as queixas do ombro registadas. A sua prevalência é especialmente alta em desportos com atividade acima da cabeça, como natação, vôlei, handebol e badminton.

Classificação:

Neer delineou três estágios de conflito sub acromial:
Fase 1- descrita como um processo de inflamação aguda, edema e hemorragia da coifa dos rotadores. Esta fase ocorre em doentes com idade inferior a 25 anos de idade e é geralmente irreversível com tratamento conservador.
Fase 2- tem uma incidência maior em utentes dos 25 aos 40 anos de idade e representando a continuação do processo de uma forma mais irreversível. O tendão da coifa dos rotadores incha e cria maior atrito, o que ira originar fibroses e tendinites;
Fase 3- Neste estágio dá-se uma rotura mecânica do tendão da coifa dos rotadores, para além da formação de osteófitos que ocorrem no arco coracoacromial, reduzindo desta forma o espaço subacromial.

 Etiologia


O conflito subacromial pode ser primário ou secundário, sendo que o primário  pode resultar de factores intrínsecos ou extrínsecos.
Os factores intrínsecos como o tamanho e a forma do acrómio, orientação do ângulo do acrómio, as alterações ósseas proeminentes do aspeto inferior acromio-clavicular, ou a fraqueza muscular estão directamente associados com o estreitamento do espaço subacromial. .
Entre os factores extrínsecos mecânicos que podem levar ao síndrome subacromial estão a postura defeituosa, a cinemática escapular alterada, o encurtamento capsular posterior e a patologia do arco coracoacromial.
O Conflito Subacromial secundário é geralmente associado a uma atividade de sobrecarga repetitiva resultando em instabilidade glenoumeral. O ligamento coracoacromial também pode calcificar, geralmente secundária a trauma, e causar síndrome do ombro doloroso. Na maioria dos casos, é causada por artrite articulação acromioclavicular, resultante, ou não, de trauma anterior .

 Factores Anatómicos:


- Forma e Morfologia do Acrómio, três tipos distintos de acrómios podem ser facilmente vistos nas radiografias, especialmente tendo em conta do ângulo de saída Y. O sistema de classificação amplamente utilizado para a forma do acrómio é plano ou do tipo “normal” (tipo I), curvo no sentido descendente (tipo II) em pinça no sentido descendente (tipo III). A prevalência dos doentes com sindrome subacromial é superior em indivíduos detectados com acrómio tipo II e III.
-Fraqueza da coifa dos rotadores, a coifa dos rotadores é um  estabilizador dinâmico da articulação glenoumeral. O supra-espinhoso, juntamente com o pequeno redondo, infra,  e subescapular servem para manter a contato congruente entre a cabeça do úmero e a cavidade glenoide, produzindo uma compressão vigorosa entre os movimentos da glenoumeral.  Os estabilizadores estáticos são a cápsula e o complexo labrum, incluindo os ligamentos glenoumerais. Embora os músculos da coifa dos rotadores gerem torque, eles também deprimem a cabeça do úmero. O deltóide abduz o ombro. Sem a coifa dos rotadores intactos, particularmente durante os primeiros 60 graus de elevação do úmero, o deltóide sem oposição faria a translação superior da cabeça do úmero, o que poderia levar a uma diminuição no espaço subacromial durante a elevação, e, portanto, aumento da compressão mecânica das estruturas e consequentemente dor.

Factores Biomecânicos:


-Um encurtamento da cápsula articular posterior pode causar alterações da cinemática glenoumeral, desta forma a cápsula empurra a cabeça do úmero anterior e superiormente, traduzindo-se na diminuição do tamanho do espaço subacromial, levando a um aumento da compressão mecânica das estruturas subacromiais.
- Tem sido identificada uma atividade muscular escapular aberrante em pacientes com Síndrome do ombro doloroso e foi diretamente ligada à cinemática anormal. de particular interesse são as contribuições relativas do grande dentado e da musculatura anterior e trapézio, encontrados para estabilizar a escápula e induzir a rotação  escapular para cima, rotação externa e / ou inclinação posterior para potencialmente permitir que a cabeça do úmero induza o acrómio em elevação.
-Uma hipercifose torácica tem resultado numa protração e abdução das escápulas e numa diminuição das amplitudes articulares de flexão da articulação glenoumeral, bem como uma diminuição da força gerada para abdução horizontal do braço a 90º.A má postura do quadrante superior leva a um desequilíbrio no comprimento e na força dos músculos da escápula e da glenoumeral e diminui a efectividade das estruturas estabilizadoras dinâmicas e passivas desta articulação.

Avaliação da Síndrome do Ombro Doloroso:


A avaliação das exacerbações é baseada na história médica antes das exacerbações, ou seja, exame subjetivo (na existência prévia de outras condições, frequência; no mecanismo de lesão em que ocorreu o trauma actual; nos contextos psicossociais e ambientais e na dor) e no exame fisico. (Hanchard, Cummis, & Jeffries, 2004)
No exame físico é testada a postural corporal, é testada a coluna cervical em todos os seus graus de movimento, em seguida é testado o ombro. Um exame físico completo inclui inspeção e palpação, avaliação da amplitudes articulares ativas e passivas, força e testes específicos para o ombro. (Hanchard, Cummis, & Jeffries, 2004)
Durante a inspecção o utente deve despir o tronco, de modo a permitir a inspecção completa de ambos os ombros.  Deve ser despistada a presença de edema, assimetrias, atrofia muscular, cicatrizes ou  equimoses. (Hanchard, Cummis, & Jeffries, 2004)
A palpação deve incluir o exame das articulações acromioclavicular e esternoclavicular e do tendão do bíceps. Aqui o fisioterapeuta tenta despistar dor, qualquer deformidade ou laxidez. (Hanchard, Cummis, & Jeffries, 2004)
Os movimentos ativos e passivos devem ser avaliados em todo o arco de movimento, com o auxilio de um goniómetro universal para despistar comprometimento de estruturas musculares e/ou articulares. Por exemplo, um utente com perda de movimento ativa, isoladamente, é mais propenso a ter um deficit dos muscular. (Hanchard, Cummis, & Jeffries, 2004)
Na avaliação da coifa dos rotadores o membro afetado deve ser sempre comparado ao lado contralateral , para detectar detetar diferenças  de força e movimento.
 O supraespinhoso pode ser testado através do teste da lata vazia ou Teste de Jobe :  O utente está de pé e faz flexão activa do membro superior a 90º no plano da escapula em extensão e rotação interna contra a resistência oposta do examinador. O teste é positivo se o doente referir dor.





Sinal do impacto de Neer é provocado quando os tendões da coifa dos rotadores do utente são comprimidos sob o arco coracoacromial. O utente está sentado e o examinador, por de trás do utente estabiliza a escápula, deprimindo-a sobre o nível superior e com a mão direita ao nível do cotovelo flexiona passivamente o membro superior em pronação até á máxima amplitude disponível. O teste é positivo se o doente referir dor e traduz-se num sinal de impacto subacromial.



Outro sinal de impacto subacromial frequentemente usado é o Teste de HawKins: Este pode ser realizado com o sujeito sentado numa mesa de exame com os pés assentes no chão ou com o sujeito de pé. O teste é realizado com o braço em flexão a 90º, com 90º de flexão do cotovelo, seguidos de rotação interna passiva realizada pelo fisioterapeuta. O teste é positivo se a dor for referida (Vind, SB, & al, 2011).Este teste é mais sensível que o teste de Neer.




 Teste de apreensão do ombro: O utente está com o braço fletido a 90º e o cotovelo também com 90º de flexão , quando o fisioterapeuta lhe aplica uma rotação externa passiva. O teste é positivo quando o doente refere dor e apreensão sobre o aspecto anterior do ombro.   Este teste serve para testar a estabilidade anterior da glenoumeral.



Redução da Inflamação e Controlo da dor:



As injecções de corticoesteroides subacromiais ​​são frequentemente utilizados no tratamento de condições dolorosas de ombro. O seu objetivo não é reverter prejuízos ao nível das estruturas da coifa dos rotadores mas sim reduzir a dor no ombro e melhorar o funcionamento, permitindo a participação num programa de exercícios específicos adequado sem dor. Estas injecções são geralmente administradas com um anestésico local como a lidocaína.
A crioterapia é frequentemente utilizada na prática clínica no tratamento das lesões agudas de tecidos moles. O frio superficial induz a vasoconstrição e reduz fluxo locais de sangue levando à diminuição inchaço e da inflamação dos tecidos.  Não há nenhuma evidência da literatura que sugere uma frequência ideal de aplicação de gelo, e a duração do tratamento, embora o consenso se repetisse para aplicações entre 20 a 30 minutos , 3 vezes ao dia.
Estimulação Electomagnética Continua Pulsátil, 2 RCTs demonstraram a eficácia desta técnica na redução da dor na tendinite calcificante, através de uma aplicação de 30min, em 6 dias consecutivos durante 6 semanas.
Ultra-som terapêutico (US) utiliza um método de estimulação do tecido abaixo da superfície da pele através de ondas de muito alta frequência, entre 800.000 Hz e 2.000.000 Hz, com vista num aumento do fluxo sanguíneo, aumento da permeabilidade capilar e o metabolismo do tecido, aumento da extensibilidade dos tecidos, elevação da dor limiar e alteração da atividade neuromuscular levando ao relaxamento muscular. Porém, existem diversos RCTs que confirmam que o ultra-som terapêutico em conjunto com exercício não traz benefícios em relação ao exercício isolado. Um RCT nos Estados Unidos, usando o ultrassom isoladamente obteve benefícios ao nível de redução de dor e melhoria da função, sendo utilizado 5 vezes por semana durante 2 semanas.
Laser (LLLT) cuja denominação significa amplificação da luz por emissão estimulada da radiação é usado para induzir a proliferação celular. Em relação a esta pratica face á lesão da coifa dos rotadores há um conflito de evidência científica e muitos destes conflitos prendem-se com os parâmetros de dosagem entre trials. (Hopman, Krahe, Lukersmith, Mc Coll, & Vine, 2013)
MTP (massagem transversal profunda) é muito usada em tendinites do ombro e acredita-se que ajuda a optimizar a deposição de colagéneo, reposicionando as suas fibras musculares na posição inicial. Aumenta também a proliferação e activação de fibroblastos e acelera desta forma a restauração da função. Apesar de ser uma prática usada com muita frequência na síndrome de ombro doloroso, a evidência científica ainda não demonstrou eficácia específica com o uso desta prática.

Restauro de amplitudes articulares, força, estabilidade e ritmo Escapulo-Umeral:



A fisioterapia tem mostrado ser efectiva na redução da dor e disfunção, em doentes com conflito subacromial. Nomeadamente através de:
- Mobilização articular fisiológica passiva assistida e mobilização acessória. Assim que o utente permitir e quando deixar de haver dor, o fisioterapeuta pode iniciar o treino muscular manual . Permitindo-lhe desta forma a oportunidade de variar a resistência durante o movimento, e incorporar facilmente e trocar a atividade concêntrica e excêntrica ;
-Devem ser iniciados os treinos de flexibilidade progressiva para diminuição da retracção da cápsula articular anterior e posteior do ombro e posteriormente deve ser alongada toda a musculatura do tronco. ;
-São recomendados os exercícios de fortalecimento muscular  para a coifa dos rotadores, devendo ser executados primeiramente sob a forma isotónica em rotação interna e externa do ombro. Com uma banda elástica de tração leve devem ser executadas 3 series de 10 repetições (com 10s de pausa entre cada repetição); Em seguida deve ser iniciado o treino em cadeia cinética fechada;
 -Devem ser realizadas exercícios de PNF num arco completo de movimento disponível, incluindo também exercícios de estabilização rítmica em vários graus, promovendo a estabilização dinâmica e treino de resistência da coifa dos rotadores;
- Exercícios de reabilitação do ritmo escapulo-umeral, devem ser introduzidos em estágios iniciais , utilizando o treino de cadeia cinética fechada sentado ou de pé, ajoelhado ou usando uma bola, cujo o controlo é ajustado progressivamente a posições menos estáveis  (Hanchard, Cummis, & Jeffries, 2004; Escamilla, Hooks, & Wilk, 2014);

Correcção Postural:



Com a finalidade de corrigir uma atitude cifótica e a protração escapular, é aconselhado o trabalho de alongamento muscular do pequeno peitoral , conjugando com um fortalecimento e estabilização dos músculos da core e da região lombar.

Você sabe o que é fisioterapia?